terça-feira, setembro 20, 2011

simple letter

antes de mais , queria dizer que me custou bastante e que , de certa forma , foi difícil começar esta espécie de bilhete de identidade psicológico porque , por vezes , nem eu própria me conheço. confesso que quando a professora nos propôs este desafio , o que me ocorreu foi uma coisa do género “ o que vou escrever lá ? que sou uma falhada , e que não cumpri com as minhas promessas ? ”. como já referi em cima , demorei muito para me resolver , o que não é costume , talvez por isso mesmo tenha falhado , por dizer as coisas da boca para fora , sem pensar nos esforços e nas consequências dos meus actos. para dizer a verdade , não sabia por onde começar e o que escrever. decidi então iniciar de uma maneira muito simples e fazer disto duas páginas do diário da minha vida. decidi também não escrever tudo num dia , porque para além de não ter muito tempo , ia-se tornar angustiante reviver tudo novamente , de uma vez só. mas vai , por outro lado , fazer-me bem , preciso de desabafar , tentar compreender tudo o que aconteceu , descobrir os pontos fracos , reconhecer os erros e tentar , de alguma forma , alterá-los , porque como a professora disse , só nos conseguimos mudar a nós mesmos. tenho 17 anos e acho que nunca desejei tanto voltar à escola. é espantoso como , às vezes , as coisas podem transformar-nos não é ? é vergonhoso como pude deixar para segundo plano aquilo que é realmente importante na vida e mais vergonhoso ainda é tê-lo feito duas vezes. é um bocado tarde mas estou a aprender a dar importância a mim própria e traçar um plano que me conduza a uma vida tranquila e feliz. vou aprender a abraçar as oportunidades que estão a surgir e não vou estar aqui com grandes discursos. a verdade é que estou muito motivada , apesar de todos os contratempos , fora da escola. um sonho , vários objectivos , um plano que vai ser posto em acção. não quero e não vou percorrer o caminho de “autodestruição” , talvez esteja a exagerar um pouco , mas foi a única expressão que me veio à cabeça para dar nome ao que tenho feito desde à dois anos atrás. é altamente injusto muito do que algumas pessoas sentem e vivem na idade da parvalheira , mas mais injusto ainda é a pressão que os mais velhos fazem sobre nós. estou a aprender a reduzir as lágrimas e a rasgar sorrisos , porque eu tenho uma boa vida , em relação a muita gente. interroguei uma grande amiga acerca da minha pessoa , ela respondeu-me que primo pelo bom sentido de humor e pela alegria contagiante , e eu quase que acredito totalmente nisso. o quase refere-se ao ter a certeza que nunca mais vou ser a mesma pessoa , o que , neste momento , não sei se é bom ou mau. hei-de saber um dia. não quero passar a vida a preocupar-me por tudo , por nada e por todos , mas sim por mim. ninguém pode fazer por mim , o que eu própria tenho de fazer. acima de tudo , tenho de me proteger , de me respeitar e de aprender a ver a vida com outros olhos. para além do meu plano ser estudar , vou recomeçar a cantar e a fazer ginástica. e já que a palavra “desistir” foi das minhas piores amigas , prometi a mim própria nunca mais a ouvir nem seguir. o amanhã é incerto , aprendi a não criar tão facilmente expectativas sobre ele , e acho que é melhor lidar com o momento do que levantar os pés do chão. para terminar agradeço-lhe todo o tempo , toda a paciência e todas as palavras que me disponibilizou.